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quinta-feira, 11 de abril de 2013

GATOS EXTERMINADORES

O que fazer com cães e gatos que dizimam espécies nativas em reservas naturais?

Em muitos países, a solução adotada é o extermínio

Fonte: ÉPOCA


BOM CAÇADOR
Flagrante de um gato no ato de atacar uma ave. Estima-se que um felino desses mate 80 animais por ano (Foto: Claudius Thiriet/Gamma-Rapho/Getty Images)


Diante de um cãozinho simpático ou um gato dengoso, quem ama os animais em geral só tem bons sentimentos. É difícil imaginar que esses bichinhos, especialmente se fazem parte de nosso convívio, representam algum perigo ambiental. Se entrarem indevidamente em áreas naturais, porém, tanto cães quanto gatos se transformam em perigosos predadores da vida selvagem. É o que ocorre hoje nas unidades de conservação em várias partes do mundo, principalmente no Brasil. Dentro de parques nacionais ou de reservas biológicas, bichos que contam com nossa simpatia exterminam populações inteiras de espécies nativas de aves, lagartos ou pequenos mamíferos. Predadores trazidos por mãos humanas são a segunda maior causa de extinção de espécies nativas no mundo. Perdem apenas para a supressão dos hábitats.

Diante de um cãozinho simpático ou um gato dengoso, quem ama os animais em geral só tem bons sentimentos. É difícil imaginar que esses bichinhos, especialmente se fazem parte de nosso convívio, representam algum perigo ambiental. Se entrarem indevidamente em áreas naturais, porém, tanto cães quanto gatos se transformam em perigosos predadores da vida selvagem. É o que ocorre hoje nas unidades de conservação em várias partes do mundo, principalmente no Brasil. Dentro de parques nacionais ou de reservas biológicas, bichos que contam com nossa simpatia exterminam populações inteiras de espécies nativas de aves, lagartos ou pequenos mamíferos. Predadores trazidos por mãos humanas são a segunda maior causa de extinção de espécies nativas no mundo. Perdem apenas para a supressão dos hábitats.

Um estudo recente realizado pelo Instituto Smithsonian e pelo Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos mostra o tamanho da ameaça. Segundo o levantamento, os gatos matam de 1,4 bilhão a 3,7 bilhões de pássaros e entre 6,9 bilhões e 20,7 bilhões de mamíferos todo ano. Embora os gatos de rua representem a maior ameaça, gatos domésticos também saem para passear e caçar. “Esperamos que essa mortalidade incentive as pessoas a manter seus gatos dentro de casa e sirva de alerta para as autoridades”, diz Pete Marra, do Smithsonian.

 O impacto dos gatos e cães faz parte dos danos provocados por espécies estranhas aos ambientes naturais. Elas chegam a áreas onde não enfrentam grandes predadores e caçam outros animais que não estão acostumados a lidar com elas. No linguajar dos biólogos, essas espécies não nativas são chamadas de exóticas. No caso de cães e gatos, os mais problemáticos são os que deixaram a vida doméstica e se reintegraram ao ambiente selvagem. São chamados de cães ou gatos ferais.

“O problema das espécies invasoras é seriíssimo. Há casos de animais competindo ou caçando espécies nativas em quase todas as unidades de preservação do Brasil”, diz Pedro Menezes, diretor de criação e manejo de unidades de conservação do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão federal responsável pelas áreas protegidas do país. Os cães de quem tem sítio perto de um parque entram na área da reserva, mas em geral só caçam nas bordas. Os cães ferais vivem dentro da unidade e caçam mesmo no miolo da reserva, que deveria ser um refúgio para as espécies nativas. Segundo Menezes, no Parque Nacional de Brasília, matilhas de cães ferais caçam veados e catetos (porco-do-mato). No Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, gatos ferais atacam a fauna nativa. “Um estudo no Reino Unido mostrou que cada gato mata cerca de 80 indivíduos de outras espécies por ano, como aves, lagartos ou esquilos. Imagine o estrago feito por uma população de gatos numa área com espécies que só ocorrem ali”, diz Menezes.


CONSERVAÇÃO
Iguana numa ilha de Galápagos. Para proteger a espécie, foram criados projetos de erradicação de cães, gatos e outros animais (Foto: Stuart Westmorland/Getty Images)


Outras espécies exóticas também ameaçam os ambientes naturais. Os búfalos, trazidos da Ásia para a Amazônia, sustentam milhares de famílias na região. Algumas manadas interferem na reprodução de peixes, aves e tartarugas na Reserva Biológica do Vale do Guaporé, em Rondônia. O ICMBio estuda como abater os animais “de forma sustentável”. Um projeto da Embrapa prevê o abate de 540 búfalos por ano. O javali, espécie de origem europeia, se espalhou pelo Brasil e readquiriu hábitos selvagens. Hoje, expulsa os porcos-do-mato nativos do Brasil. É também agressivo com o ser humano. Quando chegou ao arquipélago de Fernando de Noronha, o navegador Américo Vespúcio relatou ter visto suas ilhas cobertas por ninhos de aves marinhas.

Ratos europeus trazidos por acidente pelos navios dos exploradores adaptaram-se bem às ilhas. Tão bem que exterminaram as espécies locais de ratos e passaram a devorar animais nativos. Aos ratos se somaram gatos, cães e outros bichos domésticos, além de tejos, lagartos que comem ovos e pequenos animais. Os ninhos nativos sumiram de Fernando de Noronha.

Em outros países, é comum controlar espécies invasoras. Um cervo da Malásia foi levado para a África do Sul e começou a competir com as espécies nativas. Em alguns parques nacionais, o cervo malaio passou a ser caçado a tiros, de helicóptero. Na Ilha da Ascensão, possessão britânica no Atlântico, os gatos matavam centenas de milhares de aves marinhas por ano. Os pássaros só prosperavam em pequenas ilhotas vizinhas, sem os felinos. Os biólogos então passaram a reduzir a população de gatos. Eliminaram cerca de 2 mil felinos, usando iscas envenenadas. As aves voltaram então a se propagar na Ilha da Ascensão. Em Galápagos, onde a maior parte das ilhas é parte de um parque nacional, há projetos para erradicar cães, gatos, porcos, cabras e outras espécies exóticas.

Na Nova Zelândia, o governo executa um projeto para salvar espécies nativas, principalmente o quivi, ave símbolo do país. Entre os predadores estão cães e gatos sem dono ou selvagens. Usando iscas envenenadas, as autoridades locais conseguiram criar pequenas ilhas livres de gatos e cães. Enquanto isso, os biólogos reduzem a população de gatos e cães soltos na ilha principal do país criando áreas cercadas para reintroduzir a fauna nativa. Na Austrália, o controle de raposas e gatos, que já extinguiram várias espécies nativas, é feito com o lançamento de iscas envenenadas de helicóptero em áreas críticas de conservação. Nas ilhas australianas de Maquarie e Marion, o extermínio dos gatos no ano 2000 permitiu que a população de aves marinhas se recuperasse.

Biólogos são, antes de mais nada, gente que ama os animais. Por isso, antes de apelar para os recursos extremos, tentaram medidas menos violentas. Nos Estados Unidos, há várias décadas se fazem pesquisas com vacinas anticoncepcionais para controlar gatos selvagens. Elas não são eficazes para controlar grandes populações em áreas naturais extensas, porque precisam ser reaplicadas várias vezes. Se ministradas por alimentos espalhados pela área, não há garantia de que todas as fêmeas ingerirão o suficiente para suspender a reprodução.


PROTEÇÃO
Quivi, a ave símbolo da Nova Zelândia. Lá, as autoridades locais criaram ilhas livres de cães e gatos para preservá-lo (Foto: John Stone/AP)


Para Menezes, do ICMBio, o problema no Brasil é cultural. “Ainda não conseguimos nem discutir isso de forma equilibrada”, afirma. “Quando é capim ou um molusco invasor, lidamos com a questão com seus problemas técnicos e econômicos. Se a espécie exótica for um mamífero que envolve sentimentos, aí entramos numa discussão emocional.” Recentemente, o Ibama publicou uma norma disciplinando o manejo de javalis. Foi um marco. As autoridades responsáveis pela administração de áreas de preservação e pela defesa de espécies ameaçadas ainda têm dificuldade para conseguir lidar com búfalos, cães ou gatos em áreas de preservação. No Brasil, a legislação proíbe a caça, sem distinção entre espécie nativa ou exótica. Nem prevê a caça dentro de um plano de manejo para conservar áreas naturais.

Na Austrália, iscas envenenadas são lançadas por helicóptero para erradicar gatos

Segundo a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês), não é preciso matar. “Foram os humanos que levaram indevidamente esses animais para perto das áreas naturais onde eles não deveriam estar”, diz Rosângela Ribeiro, gerente de programas veterinários da WSPA no Brasil. “Agora, cabe aos humanos resolver isso de forma humanitária.” Para ela, há alternativas menos violentas, como campanhas de conscientização dos donos de animais domésticos. “Eles devem aprender a manter os bichos dentro de casa, com coleiras com sinos (no caso de gatos).” Para controlar cães e gatos ferais, ela recomenda que os bichos sejam recolhidos e encaminhados à adoção. “O custo dessa operação é mais alto, mas não é algo impossível. É, sobretudo, uma questão ética”, diz. Para o biólogo Fábio Olmos, o discurso das entidades protetoras dos animais não ajuda a resolver a questão na prática. “Isso é medo de enfrentar o problema de frente”, afirma ele. “Cuidar do bem-estar animal é uma causa nobre. Mas não à custa da extinção de outras espécies. Por receio de lidar com esse tabu, estamos causando um dano maior à vida.”


segunda-feira, 8 de abril de 2013

JUDY McALLISTER

Faltam lideranças sustentáveis
 
Judy McAllister é escritora e especialista em sustentabilidade
 
 
por Lucas Toyama
 
Judy McAllister utiliza sua vasta experiência em assuntos relacionados à preservação do meio ambiente para afirmar categoricamente que o ser humano, a despeito de todo o blá-blá-blá que elaborou, ainda está muito aquém de fazer o que seria necessário para ser sustentável. Resultado disso é que as companhias, que “detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade como um todo”, como ela mesma afirma, também fazem pouco, alimentando um círculo vicioso baseado na profusão de discurso e na carência de ações efetivas.
 
Canadense, ela se mudou em 1977 para a Escócia, quando se tornou membro da comunidade da Fundação Findhorn, da qual foi coordenadora geral por cinco anos. Lá, usou sua paixão por gente e natureza para estimular o desenvolvimento – pessoal e espiritual – dos membros da organização - uma comunidade, uma ecovila e um centro internacional de educação holística, cuja finalidade principal é despertar uma nova consciência no homem e criar um futuro mais positivo e sustentável.
 
Em recente passagem pelo Brasil, Judy conversou com o CanalRh e discorreu sobre suas visões em relação ao tema sustentabilidade, falou sobre a pouca atenção que o assunto ainda recebe e apontou um agente com grande força para reverter a situação: as empresas. Confira.
 
"A arrogância do homem em sua visão em relação à natureza é apavorante"
 
CanalRh - Quando despertou para a importância da preservação do planeta?
Judy McAllister: Eu sempre me interessei pela natureza. No final dos anos 70 visitei a Findhorn Foundation, da Escócia, e tomei consciência do instigante mundo natural. Daí foi um pulo para eu entender a condição do planeta e os efeitos das ações dos humanos sobre ele. Eu tenho tido oportunidade de viajar muito. Isso tem me permitido ver um extenso espectro dos mundos natural e humano, o que é bastante rico. Eu testemunhei o desaparecimento de habitats e vi criaturas magníficas em seus próprios ambientes. A escala e o escopo da degradação que nós humanos temos causado são assustadores para mim. A arrogância do homem em sua visão em relação à natureza é apavorante. Parece que a gente pensa que é isento das leis universais que regem o mundo natural. Mas nós não somos.
 
CanalRh - Por que veio ao Brasil?
Judy: Eu vim a primeira vez no final dos anos 90 para dar aulas num programa de treinamento de duas semanas. Eu me apaixonei pelas pessoas e pela natureza. Voltei em 2008 como assistente de Dorothy Maclean (escritora e educadora canadense e uma das fundadoras da Findhorn Foundation, na Escócia), quando ela veio lançar uma edição em português de um de seus livros. Desde então, voltei algumas vezes, por diversos motivos. Algumas de minhas atividades criaram raízes e se desenvolveram de forma que eu jamais poderia imaginar. Eu descobri que a vida tem formas de se revelar se eu simplesmente seguir os sinais. É bem isso o que acontece na minha relação com o Brasil.
 
"Acho que as companhias têm um papel vital. Elas detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade"
 
CanalRh - Como funciona a Findhorn Foundation?
Judy: A Findhorn Foundation é uma instituição de caridade focada no trabalho educacional. Sua principal fonte de renda são workshops, seminários e conferências que acontecem o ano todo. Cerca de 125 pessoas de 40 países moram e trabalham na Fundação. Nós hospedamos, por ano, mais de 4 mil pessoas de aproximadamente 60 países, com milhares de outros visitantes que passam algumas horas ou dias com a gente. Ao redor da Fundação cresceu uma comunidade de pessoas que trabalham para si mesmas, em negócios pequenos e independentes. É um lugar inacreditavelmente diverso e dinâmico que está completando 50 anos.
 
CanalRh - Dinamismo, abundância de informação e desenvolvimento rápido da tecnologia são fatores que facilitam ou dificultam o pensamento sustentável?
Judy: As duas coisas. Esses fatores permitem que mais e mais pessoas se tornem conscientes da necessidade de ser sustentável em todos os níveis. A disponibilidade da informação e o fato de a tecnologia se tornar mais acessível tornam possível que pessoas vivam e trabalhem de maneira sustentável. Infelizmente, o exagero de informação leva a uma saturação que pode ser perigosa, sobretudo no que diz respeito ao excesso de possibilidades. Como a gente escolhe um caminho entre tantos? Para cada teoria há outra que a refuta de forma consistente. Como decidimos em quem acreditar? Isso tudo pode fazer com que as pessoas desistam e deleguem a questão para os “especialistas”.

CanalRh - Pegam um atalho mais fácil...
Judy: Muitas vezes, sim. Esse excesso de possibilidades leva as pessoas a fazerem escolhas mais confortáveis para elas e deixarem para trás outras tantas. No entanto, sustentabilidade é multidimensional. Ela envolve diversas áreas e precisa olhar para questões como comida, cultura, educação, trabalho, espiritualidade, recursos naturais, energia, gerenciamento de lixo, transporte, saúde, moradia. Não tem, portanto, como isolar um assunto.
 
CanalRh - Você acredita que as pessoas estão conscientes da importância de ser sustentável?
Judy: Não. As pessoas ainda não entenderam. Sustentabilidade se tornou uma palavra muito falada, mas pouco praticada. Ainda existe muita ignorância em relação à profundidade que o tema exige. Se as pessoas realmente têm acesso à informação, elas têm medo de agir ou negam a verdade de nossa coletividade, o que significa que a maioria prefere não enxergar a verdade das mudanças de clima, por exemplo, e dos níveis de crescimento não sustentáveis.
 
"O fato é simples: o planeta não é grande o suficiente para todos nós continuarmos vivendo da forma que vivemos"
 
 
CanalRh - Qual o principal erro das pessoas em relação à sustentabilidade?
Judy: Eu diria que são dois. O primeiro é o pensamento de que não podemos lidar com o assunto. O segundo é a ideia de que sustentabilidade, de alguma maneira, significa mudar para um estilo de vida que parece ser caduco. A gente peca em não entrar de vez no assunto. Sustentabilidade de fato significa uma simplificação de nosso estilo de vida – uma forma de viver com muito menos consumo, o que é bem diferente de viver com um padrão mais baixo. Hoje, muitas pessoas afirmam que querem a sustentabilidade, mas não querem, realmente, encarar as mudanças que ela exige. No mundo ocidental, torna-se muito desconfortável olhar para aquilo de que temos que abrir mão para ter uma vida sustentável. O fato é simples: o planeta não é grande o suficiente para todos nós continuarmos vivendo da forma que vivemos. Mas é grande o suficiente para todos nós, se vivermos de maneira mais inteligente, com mais consciência e menos desperdício.
 
CanalRh - Do que as pessoas precisam, afinal, para agir de maneira sustentável?
Judy: Comprometimento, dedicação e vontade de andar em direção a uma batida diferente da que se toca hoje. Isso exige o desejo de reduzir alguns excessos para se ter outros ganhos. Ser sustentável frequentemente pode ser mais caro e menos conveniente no curto prazo.
 
CanalRh - Por quê?
Judy: Porque exige mudanças e concessões.
 
CanalRh - O Brasil tem se tornado mais sustentável?
Judy: Não tenho muito conhecimento para afirmar, afinal não moro aqui. Todavia, eu tenho tido o privilégio de encontrar pessoas envolvidas com a questão da sustentabilidade e elas dizem que, se por um lado o País está fazendo progressos, por outro ele tem sido lento demais. Aqui você encontra recursos em abundância. As cores, a vibração, a diversidade e a autenticidade de muitas coisas que aqui se encontram me fazem rir e chorar. Eu imagino o potencial que o Brasil tem para tornar a sustentabilidade num conceito de larga escala. Os brasileiros poderiam ser os líderes em boas práticas e inovação – recursos para isso não faltam.
 
CanalRh - Quais as principais atribuições das empresas em questões ligadas à sustentabilidade?
Judy: Acho que as companhias têm um papel vital. Elas detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade como um todo. Elas têm as estruturas e os recursos para promover mudanças e reeducar os corações e mentes que podem alimentar o comprometimento com a sustentabilidade.
 
CanalRh - Os projetos de sustentabilidade que muitas empresas criam são de fato funcionais ou ainda pertencem a uma esfera de marketing objetivando assegurar boas imagem e reputação?
Judy: Com o risco de me tornar impopular, eu acho que muitas iniciativas caem na segunda categoria. É claro que existem algumas companhias que estão genuinamente aprofundando a questão e fazendo mudanças que vão ao encontro da sustentabilidade. Ser sustentável exige que a gente olhe não apenas para algo específico, mas para um contexto. Se uma empresa fabrica produtos ou utiliza processos que são nocivos ao ar, à água ou ao solo, mas usa papel reciclado e tem um projeto de redução do consumo de energia, ela não é exatamente sustentável. Do outro lado da equação, há companhias que produzem produtos “eco-amigáveis” e que tampouco são sustentáveis. Nós precisamos olhar além dos produtos e avaliar suas cadeias de suprimentos e de distribuição, suas políticas de contratação e seus processos produtivos. Sustentabilidade não é simples, mas é essencial para o futuro do planeta.
 
CanalRh - Qual a importância das lideranças no mundo corporativo para pensamentos e ações sustentáveis?
Judy: Total. Se os líderes das empresas colocassem a sustentabilidade no maior senso de prioridade em seus planejamentos estratégicos, o progresso em relação ao tema como um todo se moveria a uma velocidade jamais vista. Contudo, para fazer isso, seria necessário deixar para trás alguns dos alvos mais estimados pelo universo corporativo: renunciar ao resultado financeiro a qualquer custo, aceitar reduzir as margens, repensar formas de produção, estabelecer novos critérios para a seleção de matéria prima, diminuir os bônus daqueles que estão no topo. O mundo corporativo ainda não abraçou completamente o triplo bottom line, o que me leva a crer que a sustentabilidade genuína vai demorar um tempo para ter o espaço que realmente deveria.
 
CanalRh - Se pudéssemos falar em uma liderança sustentável qual seriam suas características e responsabilidades?
Judy: Com todo o respeito, acredito que essa questão é parte do problema. Ela reflete a tendência de adicionar a palavra “sustentabilidade” a outra palavra ou termo de forma que nos faça acreditar que temos algo totalmente novo à nossa frente. Eu tenho alguns pensamentos sobre os modelos de lideranças que existem e as marcas pelos quais são reconhecidos. Para mim, liderança não é algo que você faz, mas uma postura que você tem dentro de você e que envolve um senso de responsabilidade pessoal. Liderança é essencialmente um ato de serviço. Esse tipo de liderança não é baseado no que você sabe sobre as ideias do outro, mas na sua habilidade de gerar ideias e respostas para situações que os seus recursos não permitem. Portanto, está mais relacionado ao quão bem você se conhece.

Fonte: CanalRh