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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EXTINÇÃO PINTADA

Onça-pintada está mais ameaçada na Mata Atlântica e na Caatinga
 
Cientistas dizem que espécie está 'criticamente em perigo' nos dois biomas. População desses felinos caiu 10% na Amazônia nos últimos 27 anos.

Eduardo Carvalho
G1 - São Paulo

Exemplar de onça-pintada que foi fotografado no Pantanal.
Pesquisa aponta que espécie está mais ameaçada na Mata Atlântica e na Caatinga
(Foto: Divulgação/Douglas Trent/Projeto Bichos do Pantanal)

Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros avaliaram a situação das onças-pintadas em cada bioma do país e constataram que este mamífero está criticamente em perigo na Mata Atlântica e na Caatinga, além de apontar uma redução de 10% na população desses felinos na Amazônia nos últimos 27 anos.
 
A fragmentação de florestas devido à urbanização, desmatamento para expansão agrícola e venda de madeira, além da caça predatória e retaliação por morte de animais domésticos ou gado estão entre os principais motivos para a redução de espécimes nos últimos anos.
 
Os dados fazem parte de um levantamento feito durante três anos por cinco especialistas de três instituições científicas do Brasil, entre elas o Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros, Cenap, ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

 
O estudo tem o objetivo de atualizar informações sobre as onças-pintadas para a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que elabora a “Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas”, que já contém 65.518 diferentes nomes de bichos e plantas que podem desaparecer nos próximos anos.
 
Segundo Ronaldo Gonçalves Morato, coordenador do Cenap, o último levantamento foi feito em 2003. Após uma década, o risco de extinção da onça-pintada em nível nacional se manteve “vulnerável” – classificação dada pela IUCN que indica uma probabilidade de o animal ou vegetal ser extinto, a menos que suas condições de ameaça melhorem.
 
Com uma população total estimada de 55 mil espécimes, os cientistas creem que nos últimos 27 anos houve um declínio de 30% na população efetiva, ou seja, uma queda no número de onças-pintadas capazes de se reproduzir e deixar descendentes férteis.
 
HABITAT FRAGMENTADO
 
Na Amazônia, onde esta espécie está amplamente distribuída, ocorrendo em 89% da região, o tamanho populacional efetivo caiu 10% nos últimos 27 anos, em razão da fragmentação do habitat e desmatamento. Para Morato, esse percentual é alto e a degradação da floresta é o principal responsável.
 
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal) o bioma perdeu entre agosto de 2011 e julho de 2012 uma área de 4.571 km².
 
Apesar de ser o menor índice de devastação registrado desde que as medições iniciaram, em 1988, é uma área equivalente a três vezes o tamanho do município de São Paulo.
 
A Amazônia Legal é a área que engloba os estados que possuem vegetação amazônica - todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão.

CRITICAMENTE EM PERIGO
 
Na Mata Atlântica e na Caatinga, as onças-pintadas estão criticamente em perigo.
 
Na Mata Atlântica, nos últimos 15 anos houve perda de 80% da população efetiva. Entre as causas para esta redução está o desenvolvimento dos centros urbanos, que fragmenta áreas verdes necessárias para a sobrevivência das onças e eleva o risco de desaparecimento na região costeira do Brasil. Além disso, há ainda o desmatamento ilegal.


Sem a presença de corredores ecológicos (grandes faixas de preservação que permitem o deslocamento de espécies sem contato com humanos), as onças ficam isoladas e “não ocorre a transferência de informação genética entre populações”, afirma Morato, o que significaria uma interrupção no ciclo de reprodução desses animais.
 
Na Caatinga, outro bioma crítico para as onças, a eliminação de indivíduos por caça e retaliação por predação de animais domésticos e gado é uma “grande ameaça”, conforme o estudo, e causa uma redução drástica de animais na região. A pesquisa sugere a existência de 250 onças-pintadas com capacidade de reprodução nesta região.
 
No Cerrado, onde a situação da onça-pintada está na categoria “em perigo”, há estimativa de que existam 250 espécimes que conseguem se reproduzir e gerar descendentes. De acordo com o estudo, as onças existentes estão espalhadas pelo bioma e já está comprovado um declínio populacional em consequência de atividades humanas. No Pantanal, a classificação está no patamar "vulnerável" e a população de onças é estimada em mil indivíduos.
 
SOLUÇÕES
 
Segundo Morato, a previsão "pessimista e crítica" reforça a necessidade de criação de um plano que ajude a retirar esta espécie da lista de ameaças. De acordo com ele, o primeiro passo será a implementação do Plano de Ação Nacional para Conservação da onça-pintada, criado em 2009, e que visa a proteção desses animais em todo o país.
 
Além disso, Morato reforça que será necessário o funcionamento de frentes de trabalho que se aproximem das comunidades que vivem em áreas onde as onças estão, “buscando educar as pessoas em relação à biodiversidade e agregando valor em benefício do animal”.
 
Os trabalhos começariam pelos biomas mais críticos,  - a Mata Atlântica e a Caatinga. “Queremos estabelecer a meta de aumentar em 20% a população de onças-pintadas na Mata Atlântica nos próximos cinco anos. Se conseguirmos que as pessoas parem de matar as onças, será um avanço”, explica.
 

(Foto: Araquém Alcântara)

sábado, 21 de dezembro de 2013

CÓDIGO AMBIENTAL CATARINENSE


POR JOÃO DE DEUS MEDEIROS*


 
Deputados catarinenses acabam com a proteção que a lei federal confere aos Campos de Altitude. Segundo definição esquizofrênica do Código Ambiental Catarinense vegetação de campo de altitude só ocorre em áreas acima de 1500m. O campo da foto, por exemplo esta a 1430m, portanto não é Campo de Altitude. Para compreender as motivações segue a altitude dos nossos municípios mais altos: São Joaquim (1358); Urupema (1326); Bom Jardim da Serra (1248).


 
Unidades de Conservação no Código Ambiental Catarinense: Deputados esquecem que devem respeito a Constituição Federal e atropelam a lei do SNUC. Em Santa Catarina criar unidade de conservação só por lei. Faltou o artigo tirando o Estado da Federação. Lamentável.


 
No Principado de Santa Catarina agora criar vaca e porco em APP é atividade de interesse social. Pérolas aos porcos do Novo Código Ambiental de Santa Catarina.


 
Mensagem de Johann Friedrich Theodor Müller (Fritz Müller) que deveria ser lida pelos deputados catarinenses que votaram o Código Ambiental: "Porque o conceito de desenvolvimento não é o de crescer, mas o de progresso de um ainda não diferenciado, que contém o potencial para o de fato diferenciado".
 
 
*João de Deus Medeiros é ambientalista, possui graduação em pela Universidade Federal de Santa Catarina (1984), mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é Diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Anatomia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: mata atlântica, biodiversidade, anatomia, biotecnologia e impacto ambiental.
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

APOIO ÀS RPPNs

Governo de SP pagará R$ 4 mi a 12 reservas particulares
 
José Maria Tomazela | Agência Estado
 
 
 
A RPPN Fazenda Renópolis, com 92,5 hectares, de Santo Antonio do Pinhal, é uma das contempladas.
 
 
O governo estadual vai distribuir R$ 4 milhões para ajudar os proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) do Estado de São Paulo a conservar a diversidade biológica dessas áreas. A verba será destinada a doze RPPNs que passaram num processo de seleção e, juntas, somam 1,4 mil hectares. A relação foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira, 04. O rateio do recurso levará em conta a classificação da reserva, o tamanho da área e o projeto a ser executado. É a primeira vez que o Estado ajuda financeiramente as áreas de interesse ambiental nas mãos de particulares. Entre as reservas classificadas estão RPPNs estaduais, vinculadas à Fundação Florestal, e federais, sob a gestão do Instituto Chico Mendes (ICMbio). A melhor pontuada na classificação é a Fazenda Renópolis, com 92,5 hectares, em Santo Antonio do Pinhal, seguida pela reserva Rio dos Pilões, com 407 hectares, em Santa Isabel, e do Sítio Manacá, de 25 hectares, em Guaratinguetá. A quarta colocada, Pedra da Mina, em Queluz, é também a maior, com 632,8 hectares, e a de criação mais recente, preservando o ponto mais alto do Estado de São Paulo, na Serra da Mantiqueira.
 
De acordo com o assessor técnico da Secretaria do Meio Ambiente, Daniel Ramalho, o objetivo é estimular os donos das terras a conservar o patrimônio natural. "É uma contrapartida aos serviços ambientais que eles prestam ao Estado todo, conservando matas, rios, habitat de fauna, formações geológicas e cenários naturais incomuns." Cada unidade vai apresentar um plano de ação de acordo com as necessidades maiores da área. "Podem ser projetos de proteção contra invasores, controle de espécies indesejáveis, reprodução da fauna, enfim, propostas para melhorar as condições da reserva."
 
Os planos devem ser executados em cinco anos e os recursos serão liberados em parcelas anuais. O recurso, do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (Fecop), está reservado. Na primeira chamada, foram atendidas apenas as reservas de pessoas físicas - as outras são Fazenda Bela Aurora (Cruzeiro), Estância Jatobá (Jaguariúna), Toca da Paca (Guatapará), Meandros II (Ibiúna), Amadeu Botelho (Jaú), Meandros III (Ibiúna), Serra do Itatins (Iguape) e Águas Claras (São Luiz do Paraitinga). Num segundo momento, conforme Ramalho, serão incluídas as RPPNs mantidas por pessoas jurídicas. O Estado de São Paulo tem 72 RPPNs, sendo 40 do Instituto Chico Mendes e 32 da Fundação Florestal.