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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PRIMO DO LOBO-GUARÁ

Lobo extinto achado por Darwin é primo do guará, diz pesquisa


Desenho do lobo-das-malvinas em "The Zoology of the Voyage of the H.M.S. Beagle"; animal é primo do lobo-guará, diz pesquisa

REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

O bicho de pelagem dourada habitava as frias ilhas Malvinas (ou Falklands, como preferem os britânicos), na costa argentina, mas seu parente mais próximo ainda vivo é o lobo-guará, morador cada vez mais raro do cerrado brasileiro. A conclusão vem de uma análise de DNA e reduz um pouco o mistério em torno do lobo-das-malvinas, animal que intrigou Charles Darwin e foi extinto pela caça indiscriminada em 1876.

A pesquisa, coordenada por Graham Slater, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, está na revista científica "Current Biology". Slater e companhia conseguiram obter DNA de cinco exemplares de museu do Dusicyon australis, como o bicho é conhecido oficialmente pelos cientistas.

Com isso, foi possível comparar alguns genes do lobo-das-malvinas com os de canídeos modernos, em especial os nativos da América do Sul, como o lobo-guará e o cachorro-do-mato-vinagre. Ficou claro o parentesco mais próximo com o guará, mas o detalhe é que as linhagens dos dois bichos sofreram uma separação antiga, há mais de 6 milhões de anos.

De norte a sul

Isso é o mais surpreendente, porque a data indica que a evolução das duas espécies já estava ocorrendo separadamente quando canídeos como eles nem sonhavam em chegar à América do Sul. Nessa época, as terras sul-americanas eram uma ilha, separada da América do Norte. O continente atual só se formou há 3 milhões de anos.

Os ancestrais do lobo-guará e do lobo-das-malvinas acabaram sumindo totalmente da América do Norte, hoje dominada pelos coiotes e pelo lobo "verdadeiro", ambos do gênero Canis. "Não sabemos o porquê disso", disse Slater à Folha.

"Os Canis chegam [da Ásia] e os outros simplesmente desaparecem. Talvez a socialidade seja importante, porque a maioria dos canídeos sul-americanos de hoje é solitária, enquanto os lobos e coiotes vivem em grupos, e os carnívoros sociais conseguem desalojar os solitários e capturar um espectro mais amplo de presas."

Darwin foi o primeiro especialista a descrever formalmente o lobo-das-malvinas e ficou com a pulga atrás da orelha ao notar que o bicho era o único mamífero nativo das ilhas, as quais, afinal, ficam a quase 500 km do continente. Ninguém sabe como os lobos foram parar lá. Pode ser que tenham sido arrastados em cima de troncos de árvore ou pedaços de gelo mar adentro.

"Nas Malvinas eles tinham carne à vontade, comendo focas, pinguins e aves marinhas", diz Slater. É possível que outras espécies mais próximas do lobo-das-malvinas tenham sido extintas por seres humanos no continente, especula ele.

O mesmo destino aguardava a espécie insular. Pastores que colonizaram as Malvinas a consideravam uma ameaça para suas ovelhas e cobiçavam sua pele, o que acabou levando ao extermínio do animal.

domingo, 8 de novembro de 2009

ANIMAIS GIGANTES DA AMAZÔNIA

Saiba quais são os animais gigantes da Amazônia

Nossa floresta tem tartaruga enorme e o maior besouro do mundo.
Veja as características e curiosidades dessas grandes espécies.

Mariana Fontes - Do Globo Amazônia, em São Paulo

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, mas não é só o tamanho de sua área que surpreende. Entre as espécies nativas da região, existem animais gigantes que despertam a curiosidade. Assim como a floresta, alguns desses bichos correm o risco de desaparecer. Conheça alguns deles:

Gigantes da Amazônia:



(Foto: Divulgação)
BESOURO (Titanus giganteus)

Quem é: maior besouro do mundo e maior inseto, em termos de volume.
Tamanho: chega a 22 cm.
Peso: pode pesar 70 gramas.
Onde vive: na selva amazônica, onde o calor e a fartura de comida contribuem para seu desenvolvimento.
Curiosidades: a espécie é voadora e não pica, mas pode beliscar com força usando suas poderosas mandíbulas.



(Foto: ICMBio/Divulgação)
GAVIÃO REAL (Harpia harpyja)

Quem é: também chamada de harpia, é a maior ave de rapina do mundo.
Tamanho: entre 50 e 90 centímetros de altura e envergadura de 2 metros.
Peso: de 4 a 9 quilos.
Onde vive: com a destruição de outros habitats naturais, encontra-se praticamente restrita à Amazônia.
Ameaças: caça predatória.
Curiosidade: com suas enormes garras, a harpia captura macacos e preguiças nas árvores, em pleno vôo.



(Foto: Jason Buberal/Wikimedia Commons)
JACARÉ-AÇU (Melanosuchus Níger)

Quem é: maior jacaré sul-americano.
Tamanho: chega a 6 metros de comprimento.
Peso: pode pesar 300 quilos.
Onde vive: rios e lagos.
Curiosidade: quando o jacaré-açu captura uma presa pequena, ele a engole inteira. Quando a vítima é maior, o animal segura a presa pelas mandíbulas e a sacode até que ela se despedace.



(Foto: Creative Commons)
PIRARUCU (Arapaima gigas)

Quem é: um dos maiores peixes de água doce do mundo, conhecido como bacalhau da Amazônia.
Tamanho: pode alcançar 3 metros de comprimento.
Peso: pode pesar até 200 kg.
Onde vive: na bacia amazônica.
Ameaças: sua carne é bastante apreciada e o peixe tem sido pescado em excesso.
Curiosidade: as escamas da cauda e do ventre do pirarucu são vermelhas, o que justifica seu nome: “pira” (peixe) e “urucum” (vermelho), nos termos indígenas.



(Foto: Eva Krocher / Wikimedia Commons)
SUCURI (Eunectes murinus)

Quem é: uma das maiores serpentes não-venenosas do mundo.
Tamanho: já foram capturadas sucuris com até 10 metros.
Peso: de 30 a 90 quilos.
Onde vive: rios, lagos e matas.
Curiosidade: ela mata suas presas por sufocamento. Seu maxilar inferior é dividido em duas partes, o que lhe permite abrir a boca para engolir animais muito maiores, como capivaras (foto) e veados.



(Foto: ICMBio/Divulgação)
TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA (Podocnemis expansa)

Quem é: maior quelônio (réptil com carapaça) de água doce do mundo.
Tamanho: 90 cm de comprimento.
Peso: em média, 50 kg.
Onde vive: rios e lagos.
Ameaças: Sua carne é um prato apreciado na Amazônia e muitos animais se alimentam dos filhotes.
Curiosidades: as tartarugas-da-Amazônia desovam dentro de buracos nas praias de rio. Quando os filhotes nascem, jacarés e aves ficam à espreita para devorá-los.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PEIXES SENTEM DOR


© Katrina Brown/Shutterstock

Peixes também sentem dor
Animais sentem medo e sensação consciente de desconforto

Muitos fãs de receitas culinárias preparadas peixes e frutos do mar costumam alardear a idéia popular de que tanto esses animais não sentem dor. Um novo estudo, entretanto, sugere que eles possuem sistemas nervosos mais complexos do que pensávamos e sua consciência das sensações dolorosas pode ser, evolucionariamente, muito mais antiga do que suspeitávamos. Ou seja: eles sofrem quando são feridos e mortos.

O pesquisador Joseph Garner, da Universidade de Purdue, na Noruega, que acompanhou peixinhos dourados, mostrou que esses animais experimentam a dor de forma consciente – e não apenas reagem a um reflexo, como quando uma pessoa recolhe o pé depois de pisar em um prego (antes mesmo de estar consciente da sensação). Nesse estudo, os biólogos descobriram que o peixinho dourado que recebia uma injeção de salina e era exposto a um grau doloroso de calor, em um tanque de teste, ficava flutuando em um único ponto quando recolocado em seu próprio tanque. Garner identifica isso como um “comportamento de medo e evasão”. Segundo ele, tal reação é cognitiva e não resultante de reflexos. Outros peixes, depois de receber uma injeção de morfina que bloqueava o impacto da dor, não mostraram esse comportamento.

Embora as descobertas de Garner combinem um trabalho anterior que sugeriu que esses animais podem sentir dor, alguns especialistas não estão convencidos de que a reação não foi resultado apenas uma reação de escape instintivo. Mesmo assim, o novo estudo cria preocupações éticas. “Precisamos nos responsabilizar por nossas escolhas; se usamos animais nos experimentos e também os comemos é importante entender as conseqüências e o alcance de nossas ações”, diz Garner.