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quinta-feira, 27 de março de 2008

Casamento produz 20 toneladas de resíduos

Linha de produção de indústria de folheados a ouro em Limeira, em São Paulo

'Um anel de casamento produz 20 toneladas de resíduos'
O alto preço em dólar do ouro não é o único custo: a mineração do metal precioso ao redor do mundo causa uma perda significativa de terras, contaminação das águas e deixa resíduos tóxicos que freqüentemente vão parar no oceano. O especialista Keith Slack exige métodos mais limpos de mineração

Cordula Meyer

Spiegel - Qual é o impacto do alto preço do ouro sobre a mineração deste metal precioso?
Slack - Ele levou a uma situação onde há mais e mais minas ao redor do mundo, também em regiões da África, América Latina e Ásia que não eram afetadas até agora. E o governo destes países e regiões em geral não lidam de forma particularmente eficaz com as empresas mineradoras.

Spiegel - O que você quer dizer com isso?
Slack - Não há padrões ambientais apropriados, não há leis suficientes capazes de proteger os direitos dos moradores locais. Veja a Guatemala, por exemplo, onde os direitos dos povos indígenas, que vivem nas áreas de mineração, não são levados em consideração. As minas se espalham por vastas áreas, assim como por locais sagrados destes povos. Elas podem chegar a dois quilômetros de largura e um quilômetro de extensão, sendo possível até mesmo vê-las do espaço. Mas assim que a terra é perdida, ela está destruída para sempre.

Spiegel - Ela nunca mais pode ser usada depois que o ouro é extraído?
Slack - Quantidades enormes de substâncias químicas venenosas são usadas, particularmente o cianeto, que separa o ouro da pedra. Estima-se que as minas de ouro em todo mundo usem 182 mil toneladas de cianeto por ano -uma quantidade gigantesca.

Spiegel - O cianeto é altamente tóxico. Quais são as conseqüências para o meio ambiente?
Slack - Ele vai parar nos rios assim como nas águas subterrâneas e pode matar os peixes. A água deixa de ser potável ou utilizável para irrigação agrícola. Às vezes faltam até mesmo padrões mínimos. Na Indonésia, os resíduos tóxicos da mineração são simplesmente despejados no oceano.

Spiegel - O que você está tentando fazer a respeito?
Slack - Nós queremos que as empresas de mineração obtenham a aprovação dos moradores locais antes de abrirem uma mina. Não é preciso dizer, as empresas não estão particularmente dispostas a fazê-lo.

Spiegel - Isso não soa particularmente eficaz.
Slack - Provavelmente é o meio mais eficaz que dispomos. Atualmente há uma disputa ocorrendo em Nevada, onde uma empresa deseja transformar o monte sagrado dos índios Shoshoni em uma mina, e eles estão resistindo. Logo, isto não acontece apenas nos países em desenvolvimento.

Spiegel - Onde os problemas com minas estão particularmente concentrados?
Slack - Em Gana, uma única mina deslocou permanentemente 10 mil pessoas de suas terras. Outro exemplo é o Peru, um dos mais importantes países exportadores do metal. O governo dali não é muito eficaz na regulação das minas. Freqüentemente os moradores locais ficam completamente por conta própria.

Spiegel - Mas o que é possível esperar se até os governos fracassam em conseguir algo?
Slack - As pessoas sabem quais os efeitos que as minas causam, elas trocam experiências com outras em situações semelhantes em todo o mundo e oferecem resistência. Quando a mineradora Numont quis expandir a maior mina de ouro do mundo, no norte do Peru, em 2004, mais de 10 mil pessoas protestaram e bloquearam as estradas de acesso, forçando o fechamento temporário da mina.

Spiegel - Também não é possível que as minas possam trazer os empregos necessários para as regiões rurais pobres?
Slack - A maioria das grandes minas modernas fica na superfície e emprega apenas poucas pessoas. As minas podem ser altamente lucrativas, mas os moradores locais raramente vêem quaisquer benefícios. E, é claro, também há os problemas com as condições de trabalho e os baixos salários nas minas.

Spiegel - As minas operam de forma semelhante em todo o mundo?
Slack - Nós estamos particularmente preocupados porque há claramente dois pesos e duas medidas. Na Europa e nos Estados Unidos, as empresas nunca exibiriam o comportamento com que escapam impunes nos países em desenvolvimento.

Spiegel - Quanto resíduo é produzido para extrair ouro suficiente para um anel de casamento?
Slack - Isto produz 20 toneladas de resíduos.

Spiegel - Isto é apenas rocha solta que pode ser removida para outro lugar, ou é resíduo tóxico?
Slack - O problema é que a rocha tratada com cianeto, quando exposta ao ar, produzirá ácidos sulfúricos, como aqueles contidos nas baterias dos automóveis. Este processo continua para sempre e pode contaminar permanentemente a água subterrânea. Até mesmo as minas operadas pelos romanos onde atualmente é a França ainda emanam estas substâncias.

Spiegel - Isto soa tão problemático quanto o próprio cianeto.
Slack - É um problema ainda maior.

Spiegel - E que conselho você dá aos consumidores, que não estão necessariamente cientes dos danos ambientais e sociais causados pelo ouro que compram?
Slack - Nós estamos tentando cooperar com grande joalheiros e mineradoras para introduzir um ouro certificado que é produzido segundo padrões ambientais e de direitos humanos mais elevados. que poderiam ser semelhantes aos padrões aplicados a alimentos orgânicos e produtos de "fair trade" (comércio justo). Até o momento, nada assim existe para o ouro.

Tradução: George El Khouri Andolfato
Visite o site do Der Spiegel

segunda-feira, 17 de março de 2008

Robert Redford lança documentário verde


The Unforeseen denuncia a especulação imobiliária em detrimento da natureza

O ator e diretor norte-americano Robert Redford continua sua batalha a favor do meio ambiente, agora com um novo documentário recém-estreado nas salas dos Estados Unidos. The Unforeseen, co-produzido por Redford e Terrence Malick, denuncia a forte especulação imobiliária do país em detrimento da "saúde" das cidades e da natureza.

O documentário é conduzido pela história de um construtor mexicano e de seus projetos residenciais em Austin, nos anos 1970.

— Os recursos naturais estão diminuindo e desaparecendo. Nós estamos diante de um desafio importante e que deve ser enfrentado. Esse documentário deriva de uma experiência pessoal: a família da minha mãe viveu nesta região por cinco gerações e foi neste interior que aprendi a amar os animais e a natureza — explica Redford.

O filme segue o caminho de outras produções verdes, como Uma verdade inconveniente, de Al Gore, que lhe deu um Oscar e um Nobel da Paz.

(ANSA)

Bem poderiam fazer um documentário com essa temática sobre a Ilha de Santa Catarina, Florianópolis merece!

terça-feira, 11 de março de 2008

Palestra Bernardinho


BERNARDINHO lota o primeiro programa Brasil em Debate edição 2008

O técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino, BERNARDINHO, abriu a edição 2008 do Programa O Brasil em Debate na Assembléia Legislativa, ontem (10) à noite, no auditório Antonieta de Barros. Ícone de perseverança, o ex-jogador proferiu a palestra “A Busca da Excelência”, onde abordou temas como trabalho em equipe, disciplina, comprometimento, planejamento, paixão, estratégia, liderança, metas, motivação, sucesso, superação, entre outros.




Acostumado a preparar os atletas de ouro da seleção, BERNARDINHO percebeu que também poderia motivar profissionais de outras áreas fora das quadras. Dessa forma, passou a articular suas idéias e experiências pessoais e profissionais na palestra que apresenta por todo o país. Para ele, a busca da excelência é meta constante. E foi com a mesma garra e determinação – características que o fizeram símbolo de liderança no Brasil – que o técnico direcionou suas palavras para um auditório lotada.




BERNARDINHO argumenta que a vontade de se preparar e a dedicação que se reserva à trajetória são as atitudes mais importantes para se alcançar o sucesso. Para ele, a frase do técnico de tênis norte-americano Bob Knight “a vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer” justifica e é inspiradora. Ao admitir que se transformou num grande técnico mais por obstinação do que por aptidão, afirmou que apenas talento não faz um vencedor, mas a soma deste com determinação.
Quando o tema é trabalho em equipe, BERNARDINHO defende que todos os integrantes têm que se ver como um time onde o bom desempenho do conjunto depende da atitude individual integrada ao objetivo geral. "Trabalhar em equipe exige solidariedade, objetivos comuns e controle dos egos", afirma. Outro ponto decisivo para um excelente trabalho em equipe é a confiança. Como exemplo, o técnico cita seus famosos gritos e broncas durante os jogos. Para ele, a atitude é justificada (e perdoada) por existir uma relação de confiança mútua entre o técnico e os atletas. “Se houver dúvida na intenção, não há mais espaço para a confiança”, revela.



O treinador de profissionais vitoriosos chegou ao Parlamento acompanhado pela esposa, a também atleta Fernanda Venturini, onde participou do programa “Entrevista”, da TVAL. O casal foi recebido pelo presidente da Associação Catarinense de Imprensa, Ademir Arnon, já que a entidade, juntamente com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina, são apoiadores na realização do programa “O Brasil em Debate”. Durante o bate-papo, o técnico revelou sua preocupação com o futuro dos atletas de vôlei que, acredita, vivem uma “futebolização”. O motivo é que hoje o atleta é visto apenas como uma fonte de renda, atitude que acaba por prejudicar os estudos do jogador. Já na palestra, o filho Bruno Mossa Rezende – o Bruninho, da seleção – também se juntou à platéia.



Perfil

Bernardo Rocha de Rezende recebeu o apelido BERNARDINHO quando integrava a Seleção Brasileira de Vôlei Masculino de 1979 a 1986. Nesse período, conquistou a medalha de bronze na Copa do Mundo de 1981 e as medalhas de prata no Campeonato Mundial de 1982 e nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (EUA), em 1984. Abandonou as quadras em 1988 e se tornou assistente-técnico.

Assumiu o comando da Seleção Feminina de 1994 a 2000, conquistando a medalha de bronze dos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e títulos no Grand Prix. Levou o ouro pelo Sul-Americano em 1997 e 1998. Ainda em 1998, ganhou o bronze na Copa dos Campeões. O ouro veio novamente, em 1999, nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (Canadá). No mesmo ano, conquistou a prata no Grand Prix, o terceiro ouro consecutivo pelo Sul-Americano e a prata pela Copa do Mundo. Despediu-se das meninas em 2000, quando levou o bronze nas Olimpíadas de Sidney (Austrália).

Em 2001, passou a liderar a Seleção Masculina. Ganhou a Liga Mundial e o Sul-Americano em 2001 e 2003. Em 2002, levou o vice-campeonato da Liga e a medalha de ouro inédita do Campeonato Mundial. Em 2004, levou o ouro nas Olimpíadas de Atenas (Grécia).BERNARDINHO é ainda autor dos livros “Transformando suor em ouro” e “Cartas a um jovem atleta”.

Fotos: Eduardo Guedes de Oliveira / Fonte: ALESC

quinta-feira, 6 de março de 2008

Arte em prol da floresta

Leilão de arte visa arrecadar fundos para criação de RPPN no sul do Amazonas



Olha o que a arte pode fazer pela floresta
Camila Molina

Arte pela Amazônia é a ampla mostra que será inaugurada hoje à noite para convidados e amanhã para o público, no terceiro andar do prédio da Fundação Bienal de São Paulo. Há de tudo: fotografia, instalações, pinturas, esculturas, objetos, vídeos e gravuras criados por três diferentes gerações de artistas. Essas obras são abrigadas na mostra dentro de núcleos livres (leia ao lado), concebidos pelo curador Jacopo Crivelli Visconti de forma a promover aproximações entre as criações. Os núcleos não têm títulos próprios. Cabe ao espectador fazer suas relações.

A iniciativa contou com a adesão de 150 artistas de todo o Brasil, incluindo os grandes nomes de nosso cenário de artes visuais, como Tomie Ohtake Tunga, Nelson Leirner, Paulo Pasta, Regina Silveira, Sandra Cinto, Thomaz Farkas e Maria Bonomi. Eles cederam suas criações para a mostra e, depois, para a realização de um leilão, previsto para o dia 3 de abril, em um shopping da cidade.

As escolhas das obras foram feitas pelos próprios artistas. Muitos criaram trabalhos específicos para o projeto; outros decidiram apresentar peças já prontas e há criadores que optaram por reeditar obras realizadas há tempos. 'Não gosto de tema para trabalhos, então resolvi colocar uma obra inusual minha, uma monotipia de uma série de 2005 que nunca havia mostrado. Essa exposição é bacana, é um jeito de ajudar em algo', diz o pintor Paulo Pasta, referindo-se aos possíveis desdobramentos do projeto, voltado para uma criação de reserva natural na Amazônia. Sandra Cinto também entrou com a vontade de ajudar. 'Nunca fico preocupada com o literal. Meu trabalho em si já tem relação com a paisagem e resolvi participar com um desenho inédito e novo', afirma a artista, que também indicou as jovens Michele Lerner e Alice Ricci a participar.

Preocupada em realizar ações de preservação da floresta e programas para a população ribeirinha local, a produtora da mostra é a Base 7 Projetos Culturais. 'É fundamental chamar a atenção para a Amazônia e promover sua preservação consciente', diz o artista Ricardo Ribenboim, proprietário da Base 7, ao lado de Arnaldo Spindel e Maria Eugênia Saturni e principal articulador do projeto.

Como conta Ribenboim, que criou, ele próprio, a obra Intangível para a mostra, as primeiras conversas para a realização do projeto vêm sendo feitas há oito meses em parceria com a CO2 Soluções Ambientais. Com a verba do leilão, será criado um fundo para o recém-nascido Instituto Arte + Meio Ambiente, que, concebido este mês, poderá ter estrutura própria.

Tudo será focado para o plano de criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) a ser comprada em local já definido, no sul do Amazonas. 'É uma área equivalente a 5,3 vezes o Parque do Ibirapuera', afirma Ribenboim. 'As reservas particulares são uma solução saudável para a Amazônia. Os recursos são particulares, mas a guarda é do Governo', ainda diz. Segundo ele explica, quando se constitui uma reserva, não se constrói nada no local, mas se instalam censores em núcleos estratégicos que indicam se há queimadas e desmatamento na área. 'Eles acionam a segurança', conta.

O local escolhido para a reserva particular, perto da divisa com o Mato Grosso, é, segundo Ribenboim, um lugar estratégico dentro da área de cinco Estados brasileiros que compreende a Amazônia. 'Com o Amazonas sentimos mais firmeza. É o Estado com menor índice de desmatamento; que quer trabalhar para a preservação da floresta em pé e pela sustentabilidade; e que tem um Instituto Socioambiental seríssimo', diz. No leilão, que será comandado pelo martelo do leiloeiro James Lisboa, 70% do valor de cada obra (os lances mínimos foram estipulados pelos próprios artistas) serão destinados ao projeto e 30% vai para o criador. 'Mas há os que cederam integralmente sua obra', diz Ribenboim.

Mundos, Esferas e Universos

SEM FRONTEIRAS: Este é um segmento que, como afirma Ribenboim, fala de 'rasgar a idéia das fronteiras' - ele completa que problemas ambientais como o aquecimento global são de responsabilidade do mundo todo. A fotografia Nem Lá...Nem Cá, realizada em 2005 por Rafael Assef, é uma feliz representação da idéia de abstração de fronteiras: nela, a pele é tomada em uma grande área pela tatuagem lisa feita com tinta escura, ficando apenas uma pequena tira ilesa na composição. Já Tunga, como conta Ribenboim, criou uma obra especialmente para a mostra, uma aquarela que 'faz a representação de fumaça diluída.' Na mesma linha, Shirley Paes Leme exibe suas telas em que os desenhos são feitos com fumaça congelada. Já em fotografia, Cao Guimarães apresenta duas pequenas bexigas penduradas em um bastão em uma rua qualquer: uma delas está murcha, a outra, aparece como um frágil corpo inflado. Carmela Gross exibe a instalação Alagados, feita com barras de ferro articuladas . 'Cada um contribui com um tijolo imaginário, e o que conta é o resultado desse esforço coletivo, desse movimento. O objetivo é começar a colocar limites, traçar no chão uma linha que não pode ser ultrapassada, uma tentativa de fronteira que delimite o nosso universo, o dos ideais que não podem e não devem ser negociados. O trabalho propriamente artístico sublima-se, aqui, no gesto democrático, e seu valor precisa, portanto, ser repensado, medido com novos parâmetros', define em texto o curador Jacopo Crivelli.

Natureza Deturpada

FLORESTA ASSASSINADA: Dentre os quatro núcleos da exposição, está o que trata, como não poderia deixar de ser, da devastação da natureza pela visão poética dos artistas. Ao se ver o conjunto de obras reunidas em toda a mostra, tem-se a impressão de que elas tratam mais do tema de forma poética e lírica do que de maneira radical. 'Denúncia não é preciso mais', diz Ribenboim. Segundo ele, as primeiras propostas que trataram da natureza, e que fizeram intervenções sobre ela, ocorreram nas décadas de 1950 e 1960, visando 'à transformação das artes pela sua aderência à vida cotidiana' e manifestando 'não apenas o interesse pela paisagem, mas a efetiva integração do ambiente no fazer artístico'. A land art e seus similares ' aparecem hoje desdobradas em inúmeras proposições referidas ou não às questões ambientais', afirma ainda. É assim que, nesse núcleo, estão, entre outros, a fotografia de peixes cortados com intervenções pictóricas realizada por Alex Flemming; a aquarela de Janaína Tsch‰pe; o delicado objeto Spilling (Derramamento), de Jeanete Musatti; a pintura Floresta, de Sergio Fingermann; a gravura sobre papel Gracias a La Vida, Gracias a La Muerte, de Alex Cerveny; e a grande instalação de teto Man at First, feita com xilogravura e colagem sobre papel Nepal por Maria Bonomi, uma das maiores, em dimensão, da mostra, que talvez vá itinerar por outras cidades brasileiras - 'por enquanto, a primeira aproximação é realizá-la na Espanha, em Madri ou Barcelona', como adianta Ribenboim.

Retratos

PRESENÇA DA FOTO: O gênero fotográfico é meio valioso tanto para a realização de obras de caráter documental quanto para os trabalhos que se transformam em visões mais livres - e até abstratas - sobre a floresta e seus habitantes. É também nas obras fotográficas que aparece a cor verde tão característica da ampla mata. 'Cada geração escolhe as suas batalhas: algumas lutaram pela paz, outras defenderam os direitos das minorias, outras, ainda, exigiram um mundo mais justo e igual. A batalha mais urgente e iniludível, hoje, é voltada para o planeta', afirma o curador Jacopo Crivelli. Os retratos presentes no segundo núcleo da exposição são, portanto, os realizados por criadores de diversas gerações. Uma das mais emblemáticas desse conjunto é o retrato O Derrubador, realizado por Thomaz Farkas, fotógrafo e cineasta com uma das carreiras mais extensas entre os participantes. Nesse seu trabalho, um homem, com forte expressão, está sentado na ponta de um barco segurando um machado. Há também outras fotos, como, por exemplo, a Paisagem Bovina, de Tadeu Jungle; A Mata, de Claudia Jaguaribe; Perto de Manaus, de João Luiz Musa; Piraguaçu, de Caio Reisewitz; Rosa no Arraial, de Luiz Braga; trabalho realizado por Miguel Rio Branco no Pará; e e Dilúvio, por Gal Oppido. Mas não se pode dizer que esse segmento se encerra na fotografia. Há também, entre outros, a pintura realista O Tempo e o Improvável, de Mariana Palma; e um belo desenho de paisagem em preto-e-branco de Gil Vicente.

Abstração

LIBERDADE: Nesse segmento figuram obras não que tratam de uma representação da floresta, mas interpretações abstratas livres e carregadas de sentidos. A monotipia de Paulo Pasta, assim como o desenho de Sandra Cinto. E há ainda as gravuras da consagrada Tomie Ohtake e a recente tela Lembranças do Tocantins, realizada especialmente para o projeto, por Feres Khoury. É um segmento amplo, repleto de obras diferentes em que a natureza foi cada vez mais abstraindo, transformando-se em figura aquosa e orgânica, como na peça de Manoel Veiga, no emaranhado de linhas de aço feito por Angelo Venosa ou de tinta sobre espelho, por Carlito Carvalhosa. A Amazônia sobre tela de Carlos Matuck é composição de apenas cores. A abstração não vem do nada, ela tem o seu referencial no mundo. Como conta o artista Pazé, que apresenta a tapeçaria Labirinto, produzida com Tomi Roman e com a Associação de Moradores do Bairro Jardim Indaiá, seu desenho foi retirado de série de desenhos recolhidos pelo antropólogo Darci Ribeiro em 1949, produzidos pelos índios Cadiwéu do MT. 'Ele é exatamente o mesmo desenho (abstraindo-se os desenhos das folhas em sua lateral) cunhado nas moedas encontradas na Ilha de Creta, referente ao Labirinto onde se encerrava o Minotauro', completa Pazé. O mesmo ocorre no tríptico Dormentes, de Edith Derdyk, feito com fotos de trilhos que remetem à história da comunicação e do ciclo da borracha assim como à adormecida e 'afundada Transamazônica'.

Serviço:

Arte Pela Amazônia. Pavilhão da Bienal. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, piso 3, 3088-4530, Parque do Ibirapuera, entrada pelo portão 3. De 3.ª a dom., das 10h às 20h. Grátis. Até 30/3


Fonte: O Estado de São Paulo

terça-feira, 4 de março de 2008

Comemoração no Rio de Janeiro

A Aliança para a Conservação da Mata Atlântica - parceria entre as ONGs Conservação Internacional e SOS Mata Atlântica - e a The Nature Conservancy promoveram dia 28 de fevereiro no centro de visitantes do belo Jardim Botânico do Rio de Janeiro um evento para comemorar os 5 anos do importante e inédito Programa de Incentivo às RPPN da Mata Atlântica (veja mais informações nas postagens abaixo).

No evento foi lançado um livreto com os resultados dos cinco anos e anunciado o VI Edital, que está disponível nesse blog.

Abaixo imagens do encontro que contou com a participação de mais de cem pessoas, entre os quais atuais e futuros proprietários de RPPN:














Fotos: Jeanine Saponara/Lead
Agradecimentos especiais: Erika Guimarães


segunda-feira, 3 de março de 2008

Incentivo e valorização das RPPN

Imagem da RPPN Rio das Lontras, que está aumentando sua área de Reserva com o apoio do Programa de Incentivo às RPPN.

O programa de Incentivo às RPPN da Mata Atlântica completa 5 anos. Matéria do G1 mostra a importância das RPPN e a necessária valorização delas como estratégia de preservação e para o futuro do bioma recordista de biodiversidade.


Rio é o 2º estado em incentivo às reservas particulares da Mata Atlântica

Programa pioneiro no país beneficia 55 áreas no estado.
Iniciativa colabora para a proteção de uma área de 19 mil hectares em todo o país.

Rodrigo Vianna
Do G1, no Rio

Poucos lugares na Terra abrigam tantas formas de vida como a Mata Atlântica brasileira. Foi pensando nisso, que a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica e a The Nature Conservancy criaram o Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Com 55 áreas inscritas, o Rio de Janeiro é o segundo estado em maior número de regiões apoiadas pelo projeto, logo atrás de Minas Gerais.

Reconhecida por um órgão ambiental, a iniciativa é voltada para proprietários que queiram proteger terras inseridas na Mata Atlântica. Segundo Érica Guimarães, coordenadora da Aliança, os municípios com o maior número de inscrições no estado do Rio de Janeiro são: Trajano de Moraes, na Região Serrana, Silva Jardim e Casimiro de Abreu, nas Baixadas Litorâneas.

“O desafio de conservar um bioma tão ameaçado como a Mata Atlântica é grande e não será alcançado sem a participação da sociedade civil, especialmente dos proprietários de terra. O programa oferece uma grande contribuição nesse sentido”, disse.

No Rio, o Corredor da Serra do Mar teve 118 RPPNs beneficiadas abrangendo 5,4 mil hectares. Em cinco anos de trabalho, o programa atendeu dez dos 17 estados da Mata Atlântica e 1,2 mil municípios por meio de sua atuação em quatro regiões estratégicas.

Interesse ecológico

De acordo com a coordenadora, a iniciativa mostra, por um lado, o fortalecimento das políticas de proteção da Mata Atlântica. Os projetos apoiados propiciam a geração de modelos de conservação em áreas privadas com atividades que vão da proteção e fiscalização das reservas à construção de centros de visitantes e laboratórios

“Além dos recursos financeiros, a área protegida ganha o status de Reserva Natural. Devido à riqueza biológica, a Mata Atlântica contribui com mais de 60% das 633 espécies presentes na lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção. É um grande trunfo”, declarou Érica.

Cinco anos de preservação


Desde 2003, 133 projetos foram beneficiados em todo o Brasil: 33 de apoio à gestão (que respondem por mais de 5 mil hectares) e criação de 200 RPPNs nos corredores da Serra do Mar, Central, Nordeste e Ecoregião das Araucárias, que juntos, segundo os coordenadores, aumentarão em cerca de 12 mil hectares a área protegida na Mata Atlântica.

“A maior parte dos remanescentes de Mata Atlântica está na mão de proprietários particulares, por isso o incentivo e a valorização às RPPNs, cujo movimento é crescente, representam uma estratégia tão essencial para o futuro deste Bioma”, completou Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica.


sábado, 1 de março de 2008

Incentivo às RPPN - Edital VI - 2008



Para fazer o download do sexto edital do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata Atlântica, clique aqui.

O sexto edital do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata Atlântica receberá, até dia 30 de abril de 2008, propostas que visem a criação de novas reservas, de um conjunto de RPPNs ou a elaboração/implementação de Planos de Manejo.

Serão contempladas propostas relativas à criação e consolidação de RPPNs localizadas nos Corredor de Biodiversidade Nordeste, Serra do Mar e Central da Mata Atlântica, bem como na Ecorregião Floresta com Araucárias, totalizando cerca de 54 milhões de hectares.

O edital prevê o investimento de até R$ 500.000,00 nas RPPNs, oferecendo até R$ 8.000,00, no caso de criação individual; até R$ 40.000,00, para criação coletiva de reservas; e até R$ 25.000,00 para elaboração ou implementação de Plano de Manejo de RPPNs localizadas dentro das áreas-alvo.

O Programa é coordenado pela Aliança para a Conservação da Mata Atlântica (uma parceria entre as ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional) e a The Nature Conservancy (TNC), e há cinco anos fomenta ações concretas de ampliação da área protegida da floresta mais ameaçada do País.

Neste período, 133 projetos foram beneficiados pelos editais: 33 de apoio à gestão e criação de 200 RPPNs nos corredores da Serra do Mar, Central, Nordeste e Ecorregião das Araucárias, que juntos aumentarão em aproximadamente 12 mil hectares a área protegida por RPPNs na Mata Atlântica.

O foco dos investimentos do Programa são os corredores de biodiversidade, dada a grande importância biológica dessas regiões dentro da Mata Atlântica. Os corredores constituem uma estratégia de conservação utilizada para a proteção da biodiversidade em diferentes escalas, buscando a representação de diferentes ecossistemas, o manejo integrado da rede de unidades de conservação, contribuindo para manter ou incrementar a conectividade da paisagem. As estimativas indicam que, se adequadamente manejados, esses corredores podem, coletivamente, proteger 75% das espécies ameaçadas da Mata Atlântica.

A iniciativa foi lançada em 2003, com recursos do CEPF (Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos) e do Bradesco Cartões, constituindo a primeira linha de financiamento no Brasil a atuar diretamente em projetos de proprietários de reservas (pessoa física), com o mínimo de burocracia. Em 2006, a parceria foi estendida à The Nature Conservancy (TNC) e passou a contar também com patrocínio do Bradesco Capitalização, o que permitiu que o Programa ampliasse sua área de atuação para o Corredor do Nordeste e a Ecorregião Floresta com Araucária, além do lançamento de uma nova linha de financiamento de projetos por meio de Demanda Espontânea.

Fonte: Corredores de Biodiversidade da Mata Atlântica.