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sábado, 24 de novembro de 2007

Floripa e o caos


Quando se fala em Floripa, logo se vem a mente a imagem da Ilha da Magia, suas praias, dunas, lagoas, gente bonita...


Mas as ações humanas desordenadas podem reservar imagens nada agradáveis...



Turismo
Veraneio à luz de velasFÁBIO BIANCHINI

O número de turistas que vem para as praias catarinenses no Verão deve ser praticamente o mesmo da temporada passada: 3,3 milhões. Os destinos mais disputados são Florianópolis - onde são esperadas 780 mil pessoas - e as praias do Litoral Norte, como Itapema e Balneário Camboriú. Motivo de animação para hoteleiros e donos de bares e restaurantes, essa "explosão populacional" causa apreensão nos setores ligados à infra-estrutura e abastecimento, especialmente os de água e luz. Água não vai faltar, garantem as companhias de abastecimento. O fantasma da curta temporada que se aproxima, portanto, serão os apagões.

A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) admite que devem ocorrer cortes ocasionais de energia. Para amenizar o problema, planeja uma campanha que conscientize a população para a importância de racionalizar o consumo. Além disso, haverá obras emergenciais, como o aumento da capacidade da subestação Ilha Norte, nos Ingleses; a duplicação da capacidade de fornecimento na subestação Ilha Sul, no Campeche; e a ampliação da subestação Trindade, no Córrego Grande, que devem ser concluídas até o fim do ano. A nova subestação a ser construída no Centro depende de mudanças no Plano Diretor da Capital.

Na última terça-feira, o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jérson Kelman, afirmou que podem acontecer pequenos blecautes nos momentos de pico de consumo, especialmente durante o Réveillon e o Carnaval. Os cortes são destinados a evitar que sejam ultrapassados os limites das linhas de transmissão durante a temporada, quando ocorre um aumento de 35% no consumo de energia.

Água não deve faltar na alta temporada

O abastecimento de água, que já causou muita dor de cabeça para turistas e moradores em temporadas passadas, este ano não deve ser problema nos balneários mais disputados. O gerente regional Grande Florianópolis da Casan, Carlos Alberto Coutinho, garante que não há necessidade de plano especial para o período porque a rede de que a cidade dispõe já é suficiente para que não falte água.

Ele diz que a cidade tem um parque de equipamentos, já instalado, que é ativado quando o consumo é maior, como no Verão. Se houver casos de falta de água, serão problemas pontuais e específicos, adverte.

Coutinho pede, entretanto, que os usuários atentem para a capacidade de seus reservatórios e a eventual necessidade de redimensioná-los para o período, quando os moradores costumam receber visitas e promover festas de maior porte.

O assunto também é tema de campanha a ser transmitida na Argentina com vista à temporada.

- A pessoa aluga um imóvel com capacidade para seis pessoas e bota 20, aí vai faltar água naquela casa ou naquele prédio. As casas e apartamentos são construídos para um certo número de pessoas e as instalações são para esse número. Se isso for extrapolado, alguma coisa vai acontecer - diz Valdir Walendowsky, presidente da Santur.

Itapema - onde as torneiras secas foram o grande problema do turismo durante 10 anos - e Balneário Camboriú garantem que água não vai faltar. O problema foi atenuado com as mudanças anunciadas pelas companhias de abastecimento das duas cidades.

O diretor da Cia de Águas de Itapema, Manoel Motta Neto, informa que a capacidade de produção, que era de 400 mil litros por hora desde 2004, aumentou para mais de 1,4 milhão de litros, o que garante a qualidade do serviço para a temporada que se aproxima.

A Emasa, em Balneário Camboriú, também se precaveu e aumentou em 25% a produção de água para este Verão, com a implantação de um novo reservatório. Além diso, uma nova adutora, destinada a agilizar a distribuição da água nas áreas centrais também do balneário, foi construída para evitar desabastecimento na temporada.




Trânsito
Cidade encurralada
NANDA GOBBI

Há mais de 30 anos, projetos idealizados para absorver a frota dos 454 mil veículos que circulam pelas vias da Grande Florianópolis se acumulam nas gavetas de repartições. Enquanto isso, a cidade enfrenta o esgotamento do sistema viário e explode em congestionamentos diários em pontos do Continente e da Ilha.
A região já possui a mais alta taxa de automóveis por habitantes:um carro a cada dois moradores. Na última década, o número de veículos dobrou na Capital e triplicou em Biguaçu, Palhoça e São José.
O volume de tráfego deve dobrar em Florianópolis nos próximos 14 anos, o que significa o comprometimento total da atual estrutura viária, se não houver medidas imediatas.
A situação não é mais novidade para quem vive na Ilha desde a década de 1970. Afinal, antes mesmo da construção da ponte Colombo Salles, quando a ponte Hercílio Luz ainda era utilizada pelo tráfego, o trânsito lento e as filas já eram uma situação corriqueira.
A falta de investimentos em novos projetos, as facilidades de compra de veículos e a ineficiência do transporte urbano coletivo são apontados pelos especialistas em sistemas viários com os responsáveis pelo caos decorrente do inchaço no número de veículos.
Antes mesmo do início da temporada, quando a situação fica ainda mais complicada, uma das avenidas mais movimentas da região Leste da Ilha, na Lagoa da Conceição, a Avenida Renderias - único caminho para as praias da Joaquina, Mole e Barra da Lagoa - já apresenta trânsito lento durante a noite nos finais de semana. Esse é apenas um exemplo dos muitos pontos de stress viário.
O presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, destaca que a Capital apresenta o maior índice de motorização da América Latina, mas apenas 7% da área da Ilha é reservada para a construção de ruas e praças - 28% fica disponível para as áreas urbanas e 65% para as áreas de preservação.
- Os dados de veículos divulgados agregam apenas os números fornecidos pelo Detran e não incorporam a sazonalidade, que traz à Capital, no Verão, grande volume de veículos.




Fonte: DC